Sobre o ato de olhar os pés caminharem

Hoje, antes de escrever este texto, fiquei relendo o pouco que documentei aqui e, depois do dia maravilhoso que eu tive, tirei uma de minhas várias e várias conclusões diárias. As pessoas não costumam ver o momento de felicidade em que vivem, e isso, pelo menos no meu ponto de vista, é uma lástima. Na maioria das vezes a gente se perde na quantidade de afazeres e ocupações - e preocupações - que o dia-a-dia nos obriga a dar atenção que a gente não vê o que está ao nosso redor. Não vê o quão belo é passar o dia com quem nos é querido, não sente o prazer que existe no comer algo que a gente gosta, não se sente movido a ler um bom livro. As pessoas não costumam render-se ao fato de simplesmente gostar da convivência humana. Do abraço, do afeto, do "como é bom ter você aqui". As pessoas se assustam com isso. Eu mesma, sempre fui uma criatura um tanto retraída, meio que com um mecanismo de defesa sempre ligado no fundo do meu cérebro dizendo, "se cuida, se cuida, se cuida pra não se machucar...". Talvez por isso eu tenha crescido um tanto quanto solitária. Agora, finalmente percebo que o bom da vida é andar na corda bamba sem rede de proteção. Se deixar levar pelas pessoas que passam pelo nosso caminho. Viver, gostar, dizer que gosta, sofrer sem motivo, sofrer com motivo, andar olhando a sintonia invisível entre os pés de nossos amigos pelo caminho. Mesmo que isso não faça sentido pros outros.