quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Tempo, tempo, mano velho, falta um tanto, ainda (eu sei) pra você correr mansinho

Faz tempo. Eu sei, eu sei, desculpa. Mas esse tempo serviu pra eu pensar sobre muitas coisas, durante muito tempo, conversando com muitas pessoas, convivendo com muitas pessoas. Me dei conta de uma coisa: eu mudei. É claro que se espera que as pessoas mudem. Mas é visível as diferenças do meu estilo de vida de lá pra cá. É meio triste se dar conta disso, porque ao reler tudo que eu já escrevi, tudo que eu já pensei e expus, eu vejo que meu tempo tem se diminuído. Trabalhar, estudar, ver gente, ler gente, tudo isso me suga uma energia absurda e me deixa cada vez com menos vontade de vir aqui e deixar meu peito aberto, exposto às poucas pessoas que ainda estimam esse tipo de site.
Esse ano foi incrível. Não sei bem o que dizer, o fato é que meu mundo virou de cabeça pra baixo e nada permaneceu do jeito que era antes. Eu sei que a gente não se vê mais com tanta frequência, que a nossa época foi ótima, mas a nossa época foi antes. E agora somos outros - isso tudo soa como uma novela mexicana, mas respira. Isso não é ruim. Nosso lugar ainda continua intacto.
Às vezes, antes de dormir, fico pensando nos começos. Como era bom quando eu te conhecia pouco, nós nos explorávamos e conversávamos, conversávamos... Sobre tudo, todos, música, arte, filmes, gente. Agora te vejo, e como um mapa, te leio por completo - cada esquina é conhecida. Seus desejos, dramas, seu jeito de sempre fazer aquela piada que nunca vai perder a graça. Já não há mais nenhum mistério. Eu poderia me extender por horas falando sobre isso, mas você sabe, nosso tempo já não é mais o mesmo. Quero que fique com isso em mente: Nosso lugar está intacto.


Para ouvir com: Glen Hazard - When your mind is made up

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Pânico e Tédio

Numa noite de Quarta-Feira, Diana teve a idéia de fazer o que todos fazem num momento de tédio: Ver TV. Tinha uma das manias mais chatas possível: a de ficar mudando de canal a cada segundo que se passava. E nesse troca-troca, Diana entrava em um tédio quase que irremediável quando de repente, no canal de filmes, Diana se prende a uma cena de perseguição. A mocinha estava (como Diana) num dia normal, fazendo pipocas quando alguém (que só podia ser muito perigoso, sentia-se na voz rouca e maquiavélica do interlocutor)liga para a moça. Aos poucos o clima de tensão se instala, e Sidney (esse era o nome da americana loira cozinhando pipoca) começa a ficar aterrorizada. Fecha janelas, fecha portas e nesse momento Diana começa a se sentir sufocada, porque só estava em companhia de seus gatos persas, que dormiam solto na poltrona ao seu lado. Num dado momento Sidney liga a luz do quintal e vê um homem com uma máscara patética (Diana dá um gritinho histérico e ri de seu próprio nervosismo), o clima nervoso do filme vai ficando cada vez mais aparente quando Sidney, num ato completamente suicida, sai correndo de casa empunhando uma faca e um telefone sem fio. "Credo, não quero ver mais isso", e foi dormir.

domingo, 11 de abril de 2010

Era uma noite calma, o bar estava, até então, com um movimento pacífico quando, num dado momento, um burburinho se instalou. Arrumando o balcão o bolicheiro observa, de início silenciosamente, perguntando-se o que exatamente estava se passando diante de seus olhos. Bobagem, pensou, e voltou aos seus afazeres no lugar. Aos poucos, os burburinhos se transformam em troça - em uma mesa havia um grupo de estancieiros no fim do dia, já embriagados pela noite e pelo vinho doce que lá se vendia e do outro, um cidadão comum, quase que ordinário, jantando e contemplando a noite. Como um bando de crianças em alvoroço, os homens de estância começaram a jogar pequenas bolinhas de pão no vizinho de mesa, que começa a se sentir invadido pela brincadeira. A expressão do bolicheiro, que observava tudo, ficou tomado de uma urgência em ajudar o homem comum, afinal de contas, esse tipo de coisa poderia acontecer com ele próprio. Solidário, o homem vira e diz:
Senhor Dahlmann, não dê importância a esses moços, que estão meio alegres.


Esse texto foi um exercício de desbloqueio da inspiração, feito na aula de Escrita Criativa do professor Luís Antônio de Assis Brasil. A frase final foi tirada do conto O Sul, de Jorge Luís Borges, escritor argentino.

sábado, 6 de março de 2010

Impressões de uma aula sem Som



Nós, que temos o privilégio de poder ouvir, devemos ser sábios e agradecer os poucos momentos de silêncio que nos ocorrem durante a vida. O silêncio, por vezes, expressa emoções de magnitude tão ampla que em palavras certamente soaria como algo deslocado - obsoleto. O silêncio é a forma que o planeta Terra encontrou para se ligar aos seres que aqui vivem.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Carnaval Cor de Sangue

O Brasil é conhecido pelo nosso carnaval, se perguntarmos pra alguém que vive num lugar muito, mas muito longe de Porto Alegre o que remete ele ao Brasil ele provavelmente dirá algo sobre as belas mulheres que se expõem ao carnaval. Ok, isso faz parte do nosso país, e por algum tempo eu curtia ver toda aquela gente alegre pipocando na Sapucaí ou em qualquer outro lugar acima do Rio Grande do Sul - talvez porque meu aniversário fosse sempre bem perto do carnaval e sempre alguém dava a idéia de fazer uma festa de aniversário com esse tema. E eu sempre fazia. Mesmo sambando mal.
Agora, com quase 18 anos na cara, ouvindo aquele pessoal eufórico cantando letras cheias de palavras bonitas fico meio sem reação ao pensar que há umas 2 horas caí no choro ao ver a notícia de um rapaz pobre que passou em 1º lugar na faculdade federal de Recife no curso de Biomedicina ter sido assassinado POR ENGANO por um menor marginal qualquer... Seria hipocrisia se eu levantasse meus dedinhos no ar e esquecesse a história do guri instantaneamente se ouvisse um tambor ressoando. E às vezes acho que é hipocrisia os outros fazerem isso, pipocarem no carnaval sem se dar conta da imensidão de tragédias que acontecem todos os dias, sem fazer uma prece a essas pessoas que morrem sem ter culpa de nada. Não digo pra ninguém esconder a sua própria felicidade, mas sim olhar pros lados e ser justo...
Outro caso que me chocou foi o do COVARDE do ex-marido da cabelereira que foi assassinada no Rio (acho que foi no Rio...) a frieza dele de entrar no local de trabalho dela e dar 8 tiros nela me deixou tremendo na frente da TV. E ainda mais, a falta de decência da mídia de não cortar a imagem do circuito interno de segurança do Salão de Beleza em que ela trabalhara e mostrar, na íntegra, a morte da mulher. Até quando esse tipo de coisa vai acontecer? Até quanto essas mulheres que tem a infelicidade de casar com brutamontes vão se calar diante às violências e desacatos que eles fazem impunemente?

Me desculpe, mas eu não vou me deixar levar pelo carnaval nem por qualquer outra manifestação de felicidade hipócrita e esquecer dessas brutalidades.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Otimismo me quebra as pernas


Não quero ser mal agradecida a essa característica que adquiri ao longo do tempo e que muita gente acha uma bela qualidade, mas meu otimismo tende a me passar a perna. Eu sou aquela pessoa que sempre vê o melhor das coisas, que fala "falta de sorte" em vez de usar a palavra "azar" e que sempre, acima de tudo, olha pro pôr-do-sol com um sorriso no rosto. O problema está em sempre confiar no torto, no mal-acabado, no defeituoso. Adoro gente imperfeita, com defeitos visíveis - de alguma forma sempre achei beleza no fato de alguém admitir que tem questões em aberto - isso é um tipo raro de coragem. É difícil ver o erro e dizer, "Ok, esse não é o caminho que eu escolhi no começo", virar as costas e começar tudo de novo. Me sinto péssima ao ver que, em muitas vezes, os erros que me acontecem eu poderia ter contornado de alguma forma, mas aí vem a voz implacável do otimismo e o gosto enjoado do bom humor que me leva como uma onda e sussurra no meu ouvido: "Entre solavancos, tropeços e caídas, olha para o pôr-do-sol, sorri e pensa: o sol sempre estará ao teu lado."

Florescer costurados em cores, alçados por alegrias que nos caem do céu, quando menos esperadas, anunciando que depois de outonos, a vida sempre nos reserva primaveras...' - Pablo Neruda (encontrei no blog da Sílvia, espero que esteja tudo bem em compartilhar ^^)

sábado, 23 de janeiro de 2010

Todo mundo




Todo mundo ri do que não devia
Todo mundo chora por quem não merece
Todo mundo fala dos outros
Todo mundo já julgou um livro pela capa
Todo mundo desobedece conselhos



E isso não faz que as pessoas sejam menos fascinantes.